Sabe aquele medo que as
pessoas têm de tomar injeção? Aquela súplica feita ao médico: “Por favor, não
me dê injeção, troca por remédio em comprimido!”. Aquele nervosismo no
laboratório para coletar sangue, precisa inclusive ficar deitado para não
desmaiar. Aquele cartão de vacina totalmente incompleto, porque tomar vacina de
injeção nem pensar, quando era de gotinha até ia.
Sabe esse pavor de agulha que
a maioria das pessoas parece ter? Então, nunca tive.
A minha vida inteira eu me
lembro de meu relacionamento com as agulhas. Quando eu tinha 4 anos, os médicos
disseram à minha mãe que eu precisaria tomar o famoso antibiótico Benzetacil
todo dia 22 de cada mês. Benzetacil é administrado somente através de injeção e
a fama está na dor que essa injeção causa. Dói. Dói muito. Então, todo dia 22,
minha mãe me levava até o hospital para que eu “tomasse” Benzetacil e, claro,
julho era o mês mais doloroso, porque meu aniversário é dia 23 e eu ficava
morrendo de dor dias depois dessa injeção. Foi assim durante 5 anos. Aos 9
anos, um outro médico descobriu que eu não precisava ter enfrentado todos esses
anos de Benzetacil.
Ok, eu sempre penso que depois
dessa história eu deveria ter ficado traumatizada com agulha pro resto da vida.
Imagine: uma injeção que dói horrores, que era aplicada todo mês, durante 5
anos e por fim, descobrir que foi à toa. Mas não me causou pavor de agulha, no
máximo uma revolta em saber que usei por anos um remédio que nunca precisei.
Eu fui uma criança que sempre
estava no laboratório fazendo exames de sangue, então agulha nesse caso era
muito comum. E eu não chorava ou achava ruim, eu gostava mesmo era do lanche ao
final da coleta, para quebrar o jejum hahaha
Depois disso, o primeiro
anticoncepcional que optei por usar foi justamente o injetável. Eu achava muito
mais prático: uma picadinha uma vez no mês e eu ficava livre de ter que tomar
um comprimido por dia, durante 21 dias. Que coisa mais chata hahaha
Depois de poucos meses, a
médica constatou que a dose do anticoncepcional injetável estava atrapalhando o
controle que eu fazia na época para ovários policísticos, então parei com a
injeção e iniciei com o comprimido. Lamentei profundamente, porque eu
a-do-ra-va o anticoncepcional de injeção, me deixava livre o resto do mês.
Agora eu preciso de um alarme eterno no meu celular, porque se ele não
despertar, eu esqueço do remédio.
Alguns anos depois, eu seria
diagnosticada diabética. Erroneamente diagnosticada como tipo 2, então fiquei 6
meses fazendo tratamento somente com a medicação oral Metformina. Depois desses
6 meses, eu troquei de médico e a médica que até hoje me acompanha, de cara, me
receitou insulina. Saí do consultório e caí de paraquedas na loja para comprar
canetas e insulina.
Eu aprendi rápido e sem
reclamar. Nunca tive pavor, nunca tive “gastura”, nunca tive aversão.
Fico pensando como é a vida de
pessoas que têm diabetes e tem medo de agulhas.... Deve ser muito mais difícil.
Graças à Deus, eu tenho um fardo que eu consigo carregar :)