SOBRE MIM
A minha caminhada aqui nesse mundão iniciou em 1987, mas foi em 2007 que minha vida virou
de cabeça para baixo, quando recebi o diagnóstico de que eu era diabética.
O diabetes entrou na minha vida assim, de repente. Se avisou antes, eu não percebi. Passei pelas
fases do diabetes de forma desordenada e tudo bem, a gente não precisa seguir uma ordem, como
se a vida fosse um roteiro pré-definido.
Das 4 fases - regressão, depressão, negação e aceitação - eu comecei pelo básico: regressão.
Recebi a confirmação do diagnóstico no meu aniversário, quando completei 20 anos. No dia,
me agarrei a esse mecanismo de defesa que é a regressão, chorei muito, meu pai me levou para
conhecer um shopping que eu ainda não conhecia, lanchamos juntos e, logo em seguida, fomos em
uma loja que vendia artigos para diabetes, chamava-se “A loja do diabético”. Hoje em dia essa loja
fechou, não existe mais.
Ainda neste dia, já pulei para a aceitação, tinha que escolher a caneta de insulina que eu usaria,
as agulhas, a marca do glicosímetro e ainda tinha que aprender a usar tudo isso. Por eu sempre
ter sido muito responsável com minhas coisas, pulei para essa fase e comecei a aprender tudo
o que podia.
Na sequência veio a negação, seguida de depressão. Cheguei a fazer algumas consultas com uma
psicóloga, porém entendi que eu saía das consultas mais triste do que quando entrava naquela sala.
Desisti.
Assim continuei na negação: eu sabia que eu tinha a doença, mas não aceitava essa nova realidade.
Eu media a glicemia na ponta do dedo de forma aleatória, só de vez em quando. Eu fingia que
esquecia de aplicar a insulina, porque eu realmente não queria aplicar, não queria sentir dor, não
queria parar meus afazeres no trabalho para ir ao banheiro e fazer a aplicação com a caneta, então
eu almoçava e não aplicava insulina, ou aplicava muito tempo depois. Para as doses fixas diárias eu
colocava o despertador para tocar e eu não me esquecer, mas assim que ele tocava, eu desligava e
não aplicava a dose de insulina.
O controle da glicemia ficou prejudicado, nada que me trouxesse hoje uma sequela, mas não estava
tudo controlado como deveria ser.
Busquei outro caminho, que para mim funcionou perfeitamente: Deus. Com isso, pude entrar de
forma definitiva na fase de aceitação, pois minha mentalidade mudou.
Desde então, passei por vários momentos: da caneta de insulina à bomba de insulina, da agulha
de 8mm à agulha de 4mm, do glicosímetro Accu-Chek Active convencional ao FreeStyle Libre,
da NPH à Lantus e depois à Humalog na bomba, do Guaraná Antarctica Diet à Coca-Cola Zero…
Hoje, levo uma vida super normal, vou a qualquer lugar: praia, shows, academia…
Descobri nas viagens uma paz interior incrível, então todos os anos tento conhecer um país diferente.
Saio daqui de mala, cuia e todos os meus insumos!
O diabetes não me limita, mas ele exige de mim um cuidado maior comigo mesma. Um cuidado
com minha alimentação. Um cuidado com a prática de atividades físicas. Um cuidado com os
exames de saúde periódicos. Um cuidado com meu autocontrole emocional.
Quem dera se todo mundo tivesse uma mãozinha pra cuidar melhor de si mesmo, todos os dias!
Navegue e fique à vontade, o blog é nosso.